Memento morri...
Passaram-se anos desde a última vez que escrevi no meu blogue.
Criei outro, numa tentativa de me tentar desligar do que fui e realçar quem agora sou.
Mas ao ler antigas palavras minhas a alma pesa-me...
Acho que todos este anos não conseguiram levar de mim a escuridão que carrego.
Tive uma filha, casei, mudei de país, criei um novo percurso profissional.
No meio de tudo descobri que estou doente e ninguém sabe muito bem como nem porquê, e agora a minha saúde depende da amabilidade de anônimos doadores de sangue para eu (e milhares como eu) conseguirem fazer infusões semanais de imunoglobulina.
Com toda a reviravolta dos últimos 5 anos mal tive tempo para parar, pensar e processar tudo o que aconteceu.
Passei por fases intensas de medo e revolta. Aterrorizava se alguém espirrava perto mim.
Demasiado para processar e sem tempo para acalmar... como sempre, aos poucos e por mim, lá fui aceitando a minha condição e vida nova.
Mas no fundo, pergunto-me se não estarei apenas a recalcar e varrer para debaixo do tapete este turbilhão de emoções que se juntaram a todos os outros que já lá habitavam?
A minha filha nasceu há 6 anos e o vazio no meu peito encheu-se de um novo sentimento.
Não apagou o negro que habita em mim, mas criou um contraste que fez com que valesse a pena estar viva.
Criou também medos em quem nunca teve medo de nada. Não por mim, mas por ela, eu temo.
Nunca pensei que seria assim, o processo de ser mãe.
Tenho a felicidade de ter um marido amoroso e um pai excelente que partilha tudo o que é rotina e vida familiar.
Mas as vezes o vazio e negro que em mim habitam voltam à tona e eu sinto em mim uma revolta que não consigo explicar... e sufoco...
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